O BBB 20 acabou nesta semana, e sim, foi um fenômeno. Estamos em abstinência! Eu, como espectadora assídua dessa edição, posso dizer que a equipe do programa acertou e muito em cada detalhe. 

Não há dúvidas de que, até o ano passado, o Big Brother Brasil estava se encaminhando para o fim. E o que faltava? Um elenco mais bem selecionado, com conteúdo? Na minha humilde opinião, faltava ouvir a internet, ouvir o que o povo estava falando.

Faltava coerência entre o que acontecia no programa e o que as redes sociais falavam. 

“Ah, mas esse é um programa de TV”. Mas, gente, estamos na era digital! Como não considerar a convergência dessas mídias? Antes tarde do que nunca, parece que fomos ouvidos; a produção percebeu que não havia mais espaço para o BBB sem uma conexão com a internet engajada. 

E os resultados? Apenas uma das melhores edições em termos de audiência na TV, engajamento nas redes sociais, envolvimento do público e com recorde de votação que entrou até para o Guinness Book, sem considerar a relevância dos assuntos altamente pertinentes na sociedade que foram exaltados pelos participantes.

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Ah, e é claro: até mesmo aqueles críticos do programa “perderam” o seu tempo dando uma espiadinha! 

Fato é que essa edição foi sim um sucesso, e acredito que isso se deve muito às estratégias bem executadas de transmídia! 

1º A participação de influencers

Na era dos influencers, imagina só acompanhar esses “famosos” 24h por dia e sem filtro? Essa foi a primeira e grande sacada da Globo ao divulgar a participação de influencers bem populares. Isso bastou pra chamar a atenção de muita gente e também trazer discussões do programa para uma geração jovem, que nem era nascida na primeira edição do programa. 

Se eles estavam com prazo acertado para sair, como iam fazer com os trabalhos aqui do lado de fora? Será que se queimariam ou teriam um tratamento diferente no decorrer do programa? Foram essas e mais tantas perguntas que ficávamos fazendo. Tivemos então que parar e assistir para ter respostas. Eu me lembro até mesmo de um comentário da cantora Anitta, que gerou polêmica: “Quem vai lavar a louça, varrer o chão e fazer comida?”. Estávamos curiosos!

Foi sim uma estratégia arriscada tanto para os influencers quanto para a Globo. Mas não há dúvidas de que foi um elenco muito bem escolhido para aceitar todas as regras do programa e serem tratados exatamente iguais aos “anônimos”.

2º Formato digital do BBB

Já nos primeiros episódios, vimos um BBB diferente. A presença de um celular para os participantes tirarem fotos e postarem em seus feeds foi outra estratégia bem executada. De lá, essas postagens eram reproduzidas nas próprias redes sociais do BBB, dos participantes e em tantos outros canais. 

Outro ponto de destaque foi o formato que alguns quadros do programa ganharam. Como o feed do stories, a trajetória dos personagens no paredão era apresentada fazendo uma ligação com algo que já é muito comum em nosso dia a dia. 

Ah, isso sem falar nas extensões do programa em outras mídias. Na Globo Play: o pay per view, que inclusive fez o número de assinaturas aumentar durante o programa. Além disso, as entrevistas especiais pós-eliminação eram exibidas ao vivo por lá e também no Gshow. 

Era tudo interligado! Quando acabava o programa, sempre tínhamos algo diferente para ver em uma dessas plataformas. Sem falar na reprodução de conteúdos do programa em outras mídias, como os memes no Instagram e os vídeos do TikTok. 

3º CAT

A Central de Atendimento ao Telespectador (CAT) ganhou também um formato diferente, inusitado e bastante amado! Acho que foi um dos momentos em que nos sentimos também parte do programa, onde finalmente éramos ouvidos. 

O humorista Rafael Portugal era o que representava a voz das redes sociais. Falava o que a gente queria, sem filtros, comentava de polêmicas criadas pelos próprios telespectadores e dava um show de ironias e humor.  

Com destaque para o formato sutil de merchan nessa final, em que o Rafael leu mensagens reais de grupos do Facebook, que dialogavam com o VT seguinte do intervalo, anunciando os grupos da rede social. 

4º As estratégias de transmídia dos próprios participantes 

É claro que não podemos deixar de comentar as grandes estratégias criadas pelos influencers que participaram do programa. 

Bianca Andrade, conhecida como Boca Rosa, não teve lá uma das melhores reputações, mas não temos dúvidas de que ela conseguiu o que queria. Bianca tem uma marca de maquiagem, e seu objetivo era vender 3x mais pela sua participação. 

Mesmo cheia de polêmicas por trás de seu comportamento, ela alcançou essa meta com a ajuda de uma ótima estratégia em suas redes sociais. A cada noite de paredão, seu look e seu batom estavam sincronizados com as postagens nas redes sociais. 

A cantora Manu Gavassi, que muitos não sabiam nem de onde vinha, mas que já era bastante conhecida pela “Geração Capricho”, também deu um show de estratégia. 

Manu produziu uma série de vídeos que foram postados de acordo com a trajetória dela no programa, que ela chamava de “retiro espiritual”, já que ela não poderia citar a marca BBB. Com uma pegada às vezes crítica, às vezes engraçada, mas sempre relevante, ela tinha um vídeo para tudo! Até mesmo quando estava no que foi o paredão histórico do BBB, e começaram a criticá-la por um comentário antigo sobre futebol. 

O que a equipe dela tinha para postar? Um vídeo da cantora cantando o hino de duas das maiores torcidas do Brasil! Sem dúvidas, genial! 

Bom, e foi aí que me surgiu uma dúvida: foi o conteúdo e a edição do programa que incentivaram a conversa nas redes sociais, ou as redes sociais que aumentaram a audiência do programa?

Fato é que essa conversa interligada entre os diferentes canais foi incrível e um case de sucesso pra gente levar para as nossas estratégias do “mundo real”. O BBB 20 nos deu uma grande aula de como integrar as mídias tradicionais e o mundo digital, e ter resultados incríveis. 

Seguiremos em abstinência, para os que ficaram viciados nessa edição, mas curiosos para saber qual será a próxima estratégia que a Globo vai utilizar para fazer com que a nova edição supere essa, que foi considerada “histórica” pela maioria dos telespectadores.