Este artigo não é sobre uma crítica pesada às redes sociais, tá bom? É mais sobre ser amante delas e sobre como aprendi a manter esse relacionamento saudável. Acho que foi justamente por ser assim, perdidamente apaixonada pelo fato de estar conectada, que me formei em Publicidade e amo trabalhar com isso. Com 8 anos de idade, tive meu primeiro contato com a tecnologia, um Oi-Xuxa tão desejado foi meu presente de Natal. Comecei enviando mensagens de SMS, me conectando à internet discada e acessando ICQ, MSN, Orkut. Desde então, não parei mais.

A galera dos anos 1990 não vai me deixar mentir: internet discada, no final de semana, era free e não tinha coisa melhor do que juntar os amigos e colocar a música pra tocar só pra aparecer no subnick do MSN, isso quando a gente não entrava e saía várias vezes só pra chamar atenção! E aquele sonzinho de “pananam”, quando chegava mensagem, era umas das melhores sensações do universo. Já imaginou, naquela época, entrar no Orkut e não ter uma notificação para abrir? Era realmente algo que mexia comigo.

Com o passar do tempo, o celular passou a ficar em nossas mãos 24h, online, e as notificações aumentaram muito. O que veio junto? A ansiedade por trás delas. De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo, cerca de 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população convive com o transtorno, e estou incluída nessa porcentagem.

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Você sabe o que é FoMO? (Do inglês Fear of missing out.) Indica o medo de ficar por fora das redes sociais. FoMO foi citado pela primeira vez em 2000, por Dan Herman, e definido anos depois por Andrew Przybylski e Patrick McGinnis como o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem. Parece bobo, né? Mas não é! O receio de perder as novidades incentiva as pessoas a ficarem sempre conectadas para saberem de tudo e compartilhar novidades com os outros. É realmente aquela notificação que você tenta ignorar e não consegue, ou quando você até mesmo abre a notificação, muitas vezes nem lê a mensagem na hora, mas abre apenas para que ela saia da tela. E essa é só uma das formas de ansiedade geradas pelas redes sociais. Vem conferir mais comigo!

Alguns estudos psiquiátricos apontam que essa angústia e ansiedade social é causada principalmente porque a relação dos humanos com a tecnologia da internet ainda é muito nova e imatura. Nas redes sociais, tudo é perfeito, ninguém mostra as dificuldades, e isso vai criando um mundo que só existe virtualmente.

Tive um bate-papo com a psicóloga Milécia Oliveira, e ela me contou o seguinte: “A ansiedade é uma resposta que nosso sistema de defesa gera e está associada ao medo e/ou à angústia”. Quando se trata das notificações vindas das redes sociais, essa ansiedade varia de pessoa para pessoa. Como várias formas de gatilhos para a ansiedade, essa inquietação pode estar associada ao medo de separação social, ao isolamento ou àquele desejo de estar no controle da situação, “sabendo de tudo”, ou até mesmo ter relação à necessidade de ser aceito, como se cada like fosse uma aprovação.

A ansiedade causada pelas notificações do mundo virtual pode atrapalhar as funções diárias. Pelas palavras de Milécia Oliveira, “A comunidade médica já reconhece os danos que a internet/redes sociais e os jogos provocam em diversas áreas, como sono, concentração, perda do convívio social, dentre outros”. E, quando isso acontece, só um psicólogo ou psiquiatra é capaz de analisar e dar diagnósticos completos, verificando a necessidade de uso de medicamentos e tratamentos.

Mas, calma, migs! Nem tudo está perdido pra mim nem pra você. Com o início da pandemia, muitas pessoas começaram a trabalhar na modalidade home office, e as notificações aumentaram ainda mais. Chegamos a ponto de elogiar quem está 100% disponível para responder a mensagens, independentemente do horário, inclusive profissionalmente. Pode parecer difícil quebrar esse ciclo, mas não é. Depois da conversa com Milécia Oliveira e também após testar algumas dicas, fiquei menos ansiosa em relação às notificações e vou compartilhar 5 dessas dicas com vocês:

1) Respeite seus limites

Planeje sua rotina e inclua o tempo de visualizar as notificações, respeitando seus limites. Imponha horários para utilizar as redes e responder a mensagens. Eu sei que é difícil no começo, mas com o tempo você se acostuma!

2) Busque equilíbrio

Equilíbrio é chave. Busque atividades e hobbies que não dependam de uma tela. Aquele famoso detox de celular? Faça! Mas se você se sentir muito incomodada com a ausência da tela, busque ajuda profissional.

3) Estabeleça moderações

Coloque limites no seu trabalho. Naturalmente, a vontade de ser uma boa profissional te incentiva a responder imediatamente, ainda mais se for alguém que delega tarefas a você. Por mais que existam situações de urgência, coloque prazo para não responder mais às mensagens de pessoas do trabalho após expediente, por exemplo. 

4) Hora da soneca

Conheça os gatilhos que te levam à vulnerabilidade de dispersar em função de acessar o celular e as redes. Após saber onde estão os gatilhos, fica mais tranquilo combatê-los. Pode ser uma pessoa famosa que você gosta muito, uma loja de roupas que você adora ou até mesmo as notificações do Ifood. Coloque essas notificações pra dormir!

5) Desista!

Selecione quais pessoas e coisas você vai realmente seguir nas redes. Escolha os temas pertinentes aos seus interesses, informações que te proporcionam prazer. Em certos momentos, é mais saudável se permitir ficar sem saber de algumas coisas. Às vezes, menos é mais.

Reaprender a ter o domínio da própria rotina com as notificações e, consequentemente, da vida traz uma série de benefícios. Ter a recompensa de algo feito por nós mesmos pode ajudar a diminuir a ansiedade. Eu testei essas dicas, e meu uso dos aplicativos diminuiu 6%. Todo progresso é bem-vindo, não é? Que tal tentar aí também?