Quem acompanha o mercado de comunicação sabe que essa é uma área em constante transformação. Além de novas plataformas, tendências e especializações que surgem a todo o momento, estamos assistindo ao impacto que novos personagens têm causado tanto no diálogo entre marcas e consumidores quanto no comportamento da sociedade: as figuras públicas, em especial os influenciadores digitais.

Essa novidade mudou a forma como o público consome conteúdo e, consequentemente, as estratégias de publicidade. As marcas precisaram se adequar a essa tendência para se destacar em relação aos seus concorrentes e obter sucesso com suas personas de interesse. Mas, como toda boa ação de comunicação, é necessário ficar bem atento tanto aos resultados positivos como aos negativos que podem surgir pelo caminho. 

Um acontecimento recente envolvendo a blogueira Gabriela Pugliesi é um exemplo de como essas novas estratégias podem influenciar negativamente o dia a dia das pessoas e também das marcas que elas representam. Mas, para analisar os motivos e as graves consequências desse caso, é necessário  entender todo o processo que envolve a escolha e o desenvolvimento de um influenciador digital. 

Para começar, vale destacar que hoje, além de dedicarmos bastante tempo do nosso dia às redes sociais, passamos boa parte desse período buscando uma identificação com atitudes, pessoas e marcas. Esse novo comportamento fez com que as empresas adotassem os influenciadores digitais como meios de divulgação das suas estratégias de marketing. Ou seja, eles se tornaram uma verdadeira ponte entre marcas, clientes e pessoas. 

Essa relação ganhou força nos últimos anos e surgiu a partir da proximidade que as redes sociais proporcionam ao usuário, ao contrário da TV. Os seguidores, em sua maioria, admiram, respeitam e gostam de acompanhar o lifestyle de uma personalidade. A palavra dela pode ter o poder de tocar de forma especial o coração deles, devido ao fato de se sentirem próximos do influenciador.  

A escolha desses influenciadores não é feita aleatoriamente. São realizadas análises de público, relevância e o nicho em que eles estão inseridos. Por exemplo, para divulgar uma empresa que comercializa vídeos de exercícios em casa, é importante contar com a parceria de um profissional que já possui hábitos saudáveis em sua rotina. Assim, o influenciador digital será mais bem recebido pelo público do universo fitness, que vai à academia e pratica esportes regularmente.

Existem também alguns objetivos que devem ser considerados na hora de escolher um influenciador digital. São eles:

1 – Gerar awareness para a marca: com essa opção, você entende como o consumidor tem consciência da marca.

2 – Gerar leads para serem trabalhados no Marketing: por meio dessa ação, a marca conseguirá contatos que poderão ser futuramente trabalhados pelo setor de marketing.

3 – Aumentar a presença digital da empresa: o próprio tópico fala por si. A marca aumentará sua presença digital com a parceria.

4 – Vender “x” unidades do produto no e-commerce: aumentar a taxa de conversão do seu negócio.

Outro ponto muito importante, que também deve ser levado em consideração, é a relevância que o influenciador possui no meio digital. Atitudes, falas, comportamentos, reações e posicionamentos são sempre observados, julgados e cancelados pelo público. E isso acontece de uma forma muito rápida e intensa, já que as próprias plataformas permitem reações instantâneas. Ou seja, qualquer deslize pode virar uma verdadeira tempestade. 

Tendo isso em mente, vamos voltar a falar sobre o caso envolvendo a blogueira Gabriela Pugliesi. A profissional, que já teve covid-19, realizou uma reunião de amigos em sua casa, desrespeitando as orientações dos órgãos de saúde. Vale lembrar também que sua família foi foco de transmissão da doença logo no início da quarentena. 

A atitude impensada da blogueira deixou boa parte do seu público bastante revoltada, fazendo com que ela perdesse mais de 100 mil seguidores (Fonte site Terra) e mais de 6 contratos comerciais com marcas como: Hope, Live Up, Rappi, LBA, Baw Clothing, Mais Pura, Evolution Coffee e Kopenhagen. Futuros compromissos profissionais também foram cancelados, e o cálculo aproximado do prejuízo foi de R$ 3 milhões, considerando cancelamento de contrato que pode configurar, inclusive, pagamento de multas e também perda de oportunidades futuras que são impossíveis de dimensionar (Fonte: site Revista Forbes).

A influenciadora precisou desativar o seu perfil do Instagram temporariamente. Ao ser procurada  por jornalistas, deu a seguinte resposta: “O que eu fiz foi muito grave, irresponsável da minha parte, e estou calada para poder aprender com isso” (Fonte: site Terra).

Agora, fica a pergunta: por que as empresas tiveram essa reação em relação à blogueira? Quando a imagem de um influenciador é arranhada por diversas razões, as marcas que têm seus nomes atrelados, muitas vezes, precisam suspender o contrato. Isso porque a polêmica pode impactar negativamente a percepção que o cliente terá da marca a partir daquele dia.

As parcerias funcionam dessa forma, tanto para o lado positivo, quanto para o negativo. As marcas criam suas plataformas e valores com base em seus princípios. Se aquele influenciador vai na contramão, não faz mais sentido manter esse vínculo. 

O que podemos aprender com isso tudo? Por aqui, percebemos mais uma vez que a escolha de parceiros, atitudes e até palavras fazem toda a diferença para que os nossos clientes conquistem seus objetivos. É preciso entender cada vez mais a sociedade e tomar atitudes que combinem com as suas ideias. 

O público-alvo de uma marca não é mais aquela pessoa que apenas usa um determinado produto ou serviço. Ela transforma suas escolhas em estilo de vida, é independente, autêntica, tem suas opiniões e defende mais seus valores. E isso é bom para todo mundo. 

Então, fica aqui nosso recado: lembre-se de que, a partir do momento que você se torna ou se relaciona comercialmente com uma figura pública, também assume uma responsabilidade social. Afinal, você não está se comunicando com apenas uma pessoa, mas também com tudo o que ela representa e acredita.

Qual seria a melhor forma de usar os influenciadores digitais em ações de marketing? Conte pra gente o que você pensa a respeito. 

Fontes: site Terra, G1 e  Revista Forbes.